Junia Turra
Os países de Língua Alemã mantém o Hochdeutsch (alemão alto, ou a língua padrão para todos). Cada país tem seus dialetos e regionalismos. Não é apenas entre os países, mas entre regiões dentro de um próprio país ou mesmo entre cidades ou vilas de uma mesma região.
Se não houver uma língua comum a todos, fica difícil a comunicação.
No Reino Unido funciona assim também. Difícil entender as expressões que variam de um lugar para outro. Um irlandês e um escocês falando em dialeto? Algo de outro planeta para quem chegar com o inglês “the book is on the table”.
As variações incluem uma maneira própria de falar (“dialeto”), que traz os “regionalismos”: palavras ou expressões distintas para uma mesma coisa como bolacha ou biscoito , bergamota ou mexerica, pingado, meia, cafezinho…
E nós precisamos conhecer os nossos regionalismos… Um país tão grande e tão rico, com uma língua maravilhosa e suas variações.
O escritor Guimarães Rosa mostrou isso como ninguém. O livro “Grande Sertão Veredas” é um clássico, com tradução minuciosa em várias línguas, tentando mostrar o nosso universo do homem simples. Monteiro Lobato faz o mesmo para as crianças, situando um universo lúdico contando história e a nossa História.
Abra a mente, amplie o olhar, busque a boa leitura.
Imagine que a turma do Lula , Dilma e os coligados querem “traduzir” Guimarães Rosa para nós mesmos. E reescrever Monteiro Lobato por considerá-lo discriminatório, isso dentro de um contexto onde não há nada além do universo de personagens infantis.
Temos que parar esse discurso de ódio de quem discursa falsamente pela paz. E vale a reflexão em cima da mentalidade tacanha de criar arestas e se achar mais do que o outro por ser desse ou daquele lugar.
Uma certa pessoa do Rio de Janeiro me disse: “a fulana te criticou : “só podia mesmo ser paulista”. Mas não se preocupe, eu disse : claro que não é paulista, imagina…”
Eu respondi: Pode dizer a ela, que eu sou paulista. Mais do que isso. Sou da Capitania hereditária São Paulo-Minas Gerais , com o maior orgulho.
Vamos trocar o bairrismo pelo conhecimento?
Se a pessoa tem o perfil ou se identifica mais com o baiano, o carioca, o gaúcho, é questão pessoal e intransferível. A disputa fica para o futebol e similares…. Com espírito esportivo.
Quem tem essa mentalidade pequena não pode criticar o esquema de manipulação jogando uns contra os outros:
BLM? Only Black Lives Matter? ALL lives Matter. Até pque os escravos negros foram negociados inclusive por eles mesmos na África.
Mas ninguém lembra dos escravos brancos? Sim, milhares e milhares vendidos especialmente para os Estados Unidos… Está lá nos arquivos.
Aliás , desde a Idade Média , nas Guerras Santas. Os algozes? Os islâmicos. Mas a esquerda esqueceu e os bairristas também.
Então… Será que os gaúchos ainda podem dizer que o doce brigadeiro é “negrinho”? Qual a ofensa?
Não está na palavra. O racismo e a discriminação estão na mentalidade pequena, no olhar de desprezo, na atitude de soberba, na forma de pensar. Muitos brancos, negros, mestiços se acham o recheio do bolo neste ou naquele Estado?
Se você tem orgulho de ser de um lugar e ama as suas tradiçoes e maneira de ser , isso é maravilhoso. Mas cuidado com o limite tênue que te impulsiona a achar que você é melhor do que os demais e está acima deles.
Faz uma reflexão que ainda dá tempo…
Amei ! Acho a riqueza de um Idioma , uma essência a ser preservada , com todos os seus regionalismos , graça e mistérios … O Brasil tem uma característica deliciosa , que permite a seus habitantes a possibilidade de dialogar , com sotaques e termos tão diferentes , mas possíveis de entendendimento , diferente dos dialetos Europeus , por ex. Talvez as exceções , sejam as diversas línguas Indígenas , que para os “forasteiros” é incompreensível ; há poucos anos apenas , começaram a elaboração , por parte de algumas tribos , de dicionários para desvendar esses “Idiomas Brasileiro Nativos” … Sou gaúcha de Uruguaiana , e meu pai , paulista do interior , apaixonado por idiomas , ( era professor de Português , Latim , Grego e Hebraico ) sempre dizia que o português mais bem falado no Brasil era o gaúcho , por pronunciar todas as vogais corretamente … Desculpe-me por “puxar a brasa pra chaleira do meu chimarrão” … rss. E na infância , onde era proibida a entrada de “gibis” em casa , tinha à disposição , toda a coleção de Monteiro Lobato , O Tesouro da Juventude ou a Enciclopédia Jackson , edição de 1920 ( super interessante e divertida ) que afinal acabou sendo minha como “herança” paterna … Há alguns anos , numa mudança , cansei de carregar comigo seus volumes , e doei a enciclopédia à uma escola … Mas sinto saudades dela !